Páginas

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Quem é você?


Sempre que vou falar disso com alguém me lembro do meu pai que diz uma frase muito sábia: “ninguém é, todo mundo está"
É claaaaro que temos coisas enraizadas na gente, traços de personalidade, mas em geral somos um estado de espírito. Estamos muito mais do que somos e, muitas vezes chegamos até a estar o que não somos, infelizmente.
Mas o que quero colocar aqui não é exatamente esta questão, mas outra que faz um belo par com esta. A idéia de que, na verdade, somos produto das relações que estabelecemos. Independente de nossas características mais marcantes, não somos a mesma pessoa com todos. Quantas vezes "mudamos" nosso jeito e comportamento apenas por mudarmos de ambiente ou meio social?
Nunca aconteceu de você estar conversando com alguém sobre uma terceira pessoa e um de vocês dizer: "Nooooossssaaaa! Não podemos estar falando da mesma pessoa!" ou ainda: " Não é possível, o fulano que você conhece não é o mesmo que eu conheço!"
 Pois é, isso não significa ter "duas (ou mais) caras" e sim, que somos um reflexo de nossas relações. Eu particularmente acho isso muito positivo e sinceramente, justo.
Quantas pessoas despertam o melhor e o pior de nós? Quantas nos tornam leves, enquanto outras nos deixam reagentes?
Quantas coisas nos permitimos ser e fazer quando estamos com determinada pessoa e jamais faríamos ou seriamos com outras?
 E lá vou eu acrescentar mais uma idéia (e uma frase) a esta. "Ninguém muda ninguém. Só podemos mudar a nós mesmos".
 Concordo com isso mas, justamente partindo da idéia de sermos produto das relações, acredito piamente que, mudando nosso comportamento provocamos mudança naqueles com quem nos relacionamos.
Não sou nenhuma especialista no assunto, mas simplesmente amo gente e comportamento e, se você desconfia do que acabei de colocar aqui, por que não experimenta? Mude sua forma de ser com aquela pessoa que você adoraria que mudasse a forma de ser com você, mas não esqueça que normalmente, atitudes positivas geram melhor resultado.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

À minha árvore

Quero dedicar alguns minutos pra te agradecer imensamente pelo amor próprio, coragem e dignidade que você plantou e garantiu todas as condições pra que crescessem em mim.
Nem sei se realmente são estes os nomes certos mas o fato é que sinto um orgulho cheio de não querer o que não seja meu, saber que nada paga minha paz comigo mesma, que posso feliz pendurar a melancia no pescoço e as uvas nos cílios e ir pra onde meus pés me levarem pois isso não desrespeita e nem diz respeito a ninguém senão a mim mesma e, se no caminho ainda fizer alguns gargalharem, estará bem pago meu suposto mico.
Gosto do limpo, do sincero, sem hipocrisia mas com a sensibilidade da discrição.
Obrigada, mãe! Por me ensinar a acreditar numa justiça maior ainda que hoje, pelo cansaço das dores, você mesma já pareça não acreditar muito nisso.
Obrigada por me ensinar que o amor é o melhor remédio pras dores inevitáveis, pra saudade, o melhor contrapeso pros erros sinceros...
Obrigada por me dar um esqueleto pra alma.

domingo, 28 de outubro de 2012

Amo


Amo a música do meu silencio

O meu encontro, o meu espelho;

Meu ritmo e minha dança.

O movimento do meu sol

O cheiro do meu vento

O tempo do meu tempo

O rio que corre em mim e que, tantas vezes, encontra o mar

A música do meu silêncio que tem o cheiro do sol!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

MENU PRINCIPAL


Tô carente de alimentos.
E percebi que o alimento que como não é mesmo o que preciso, muito pelo contrário.
Minha fome chama-se ansiedade e disso eu já sabia
Até que descobri que estava errada, seu nome é carência, necessidade.... Ansiedade é talvez e no máximo o que potencializa esta fome e me leva a devorar sem mal ver o que

Pipocas não são coragem
Chocolate não é novidade
Biscoitos não são iniciativa
Barrinhas de cereais não são sucesso (podem até ser, numa dieta real mas, não pra alma)
Torradinhas não são paixão

Quem foi que nos ensinou esta besteira de que comestíveis alimentam a alma?!?!?
ninguém teve a intenção de ensinar mas, criança sempre aprende mais com exemplo que com teoria...
Quantos em nosso convívio vimos, ao longo da vida, fazerem assim?
Outra coisa interessante que vi certa vez sobre isso foi um programa sobre bebês. Alertava para que as mães observassem bem o choro do bebê, que poderia significar varias coisas, antes de tentar acalmá-lo com o alimento.
E realmente, não sei quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha mas é fato que qualquer um (ok, ok, nem sempre a culpa é das mães) tem o impulso de acalmar um choro de bebê com comida e com isso, segundo o próprio programa, criamos um mecanismo no indivíduo de resolver qualquer desconforto físico ou emocional comendo.


E assim, quando nos sentimos desconfortáveis por qualquer motivo, antes mesmo de identificarmos bem porque, boooora pra dispensa, gaveta de guloseimas, geladeira, restaurante ou, em ultimo caso, comer as unhas!

Bem, até agora, salvo a questão do programa, nenhuma novidade! A própria psicologia aponta há anos que o indivíduo sana suas carências com comida. A questão é: Por que, diacho, demoramos tanto a perceber Isso internamente, emocionalmente?
Sinceramente.... Não sei ( e se te fiz pensar que a reposta estaria no final desté texto , sinceramente, me perdoe)
O que sei e posso te convidar,se quiser, é que estou correndo agora mesmo pro meu próprio restaurante interno pra olhar o meu menu e pedir ao metre " grilo falante" o prato que mais me apetece hoje com direito a entrada, sobremesa e uma boa digestão pois alma gorda é o que há de mais saudável!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

QUERER OU NÃO QUERER


Quem não sabe, pergunta

 Quem deseja, procura

Quem sonha, realiza

A diferença está no simples tamanho do querer


Não conheço obstáculo, ao menos em tudo que é bom, para quem quer de verdade.

Agora, pro que é realmente ruim na vida acredito que não basta, muitas vezes querer...ainda assim, a força deste querer parece fazer diferença muitas vezes.

Tantas vezes a saúde por exemplo, não “obedece” nosso querer porém acredito muito que a maioria das doenças mais graves são resultado de quereres que ficaram pelo caminho, pela metade.

Se você quer e realmente vale a pena: FAÇA!

Apenas lembre que tudo na vida tem consequências e saber querer significa pesar todas elas junto aos desejos.

E falo isso não só pros grandes quereres, mas para os mais simples como decidir ir a pé pro trabalho, via orla mesmo sabendo que chegará um pouco atrasado. Se vai valer a pena... o sapato não é desculpa, o percurso também não, nem o calor, nem o frio...o atraso? A consequência...

Coincidentemente acabo de “esbarrar” com a seguinte frase: “Quem quer fazer algo sempre encontra uma maneira. Quem não quer fazer, sempre encontra uma desculpa”

Simples assim!!!

... E como é bom querer! Melhor ainda...?!? Superar a sim mesmo e... conseguir.

Ahhhh, doce sabor!

 

UM HERÓI NA BOLSA


Outro dia ainda, falava sobre a energia das crianças. Agora mais uma vez ela apresenta seu poder mágico.
Dia difícil logo de manhã, na verdade eu já sabia que seria um dia emocionalmente torturante, daqueles que a gente gostaria de tirar do calendário mas que sabe que, sem ele, não se anda pra frente.
Eis que esperando o metrô, procurando um tubo de creme em minha bolsa de Mcgyver (pra quem não conhece, este era um herói de uma série da TV dos anos 80 que sempre se salvava das roubadas produzindo alguma engenhoca com simples objetos que tinha no bolso, bolsa ou qualquer lugar a sua volta) quando de repente tateio algo diferente. Pequeno, com formas que em nada se assemelhariam a um objeto integrante de bolsa feminina. Ahhh! Rapidamente matei a charada. Era só um herói! Um pequenino boneco das histórias da Marvel que se manteve escondido em minha bolsa, desde o final de semana.
Olho pra ele e não há como reter o sorriso. Algum lugar entre o estômago e o peito parece sentir uma ligeira cócega carinhosa e alegre.
A energia muda! Me lembro logo do dono do bonequinho: Alguém realmente com poderes mágicos, que já me salvou em várias situações com suas gentilezas, doçura, alegria e coragem.
Esse pequeno, muito mais herói que muito marmanjo, já me salvou de momentos perigosíssimos, me ensinou que sou capaz se ressurgir dos escombros ainda que muito machucada mas sorrindo, e de verdade.
Claro que logo meus pensamentos voltam "pro dia difícil" que está só começando e ainda parece longo mas, ao menos, agora eu sei que tenho na bolsa um herói que, se preciso for, salvará meu dia.
Obrigada Pedro, por existir em minha vida!

sábado, 29 de setembro de 2012

DETONADOR


Fato que todos temos nossos nós, nossas mágoas, nossos calos como se costuma dizer por aí.

E raramente percebemos que o assunto ficou tão mal resolvido até o momento em que BUUUMMM! Alguma coisa detona toda a nossa dinamite.

O que mais me impressiona é que esta alguma coisa normalmente é sutil. Pode ser uma palavra, uma música, uma imagem, alguém ou simplesmente uma cena de rua.  E se o detonador te pegar desprevenido então...

É fato: não adianta mesmo se prevenir dos detonadores. Por isso tem este nome, mas se conseguir te pegar totalmente de surpresa... pronto! Abrem-se as represas e nos transformamos nas cataratas do Iguaçu!

Inevitável, incontrolável! Salvo um banheiro muito próximo (e vazio) vc não tem chance de escapar do vexame. Ainda que você estivesse numa festa à fantasia, devidamente camuflado, o som dos soluços provavelmente te denunciariam.

Bem, descrito o caos, o ponto mais importante nem é o detonador e sim o poder de tal dinamite. Como podemos ficar tão inconscientes de algo tão sério pra nós? O problema é justamente esse, ao menos pra mim. Demoro tanto a assimilar certos impactos que definitivamente não tenho poder de reação imediata e costumo dizer que tenho necessidade de digerir.

Até que o detonador encontra este rastro de pólvora e pronto: Descubro a mina por traz das rochas! Sim! Não sei se fui bem clara, mas era neste ponto que queria chegar. Se você tiver a oportunidade de ter a dinamite detonada, não fuja! Apenas espere a poeira baixar e olhe pra caverna que se abriu em você, pois provavelmente é uma mina! Bom trabalho!
ASWB

 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Quando e Se...


Se eu deixar de tentar explicar, estranhe.

Quando eu deixar de perguntar, preocupe-se.

Quando eu não quiser ouvir, afaste-se.

Se eu deixar de quere saber, esqueça!

Quando eu não mais tentar entender, desista.

E se eu não mais quiser falar...

É porque não faz mais diferença.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

PAGLIA ITALIANA

 
Ingredientes:

2 latas de leite condensado

8 colheres de sopa de chocolate em pó (nescau)

1 e ½ pacote de biscoito de maisena

+ ou - 3 xícaras de açúcar - para passar ao final

Margarina para o brigadeiro (2 colheres de chá rasas e para untar o tabuleiro)



Modo de fazer

Quebrar o biscoito numa tigela retirando o pó que fica no fundo.

Fazer o brigadeiro (margarina, leite condensado e chocolate em pó) até ficar no ponto (ao puxar com a colher dará para ver o fundo da panela).

Apagar o fogo.

Com o brigadeiro ainda quente misture o biscoito picado.

Unte com manteiga um tabuleiro retangular e abra a massa deixando-a esfriar

Depois de frio, cortar em quadradinhos  e passá-los no açúcar peneirado

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Não quero mentiras NEM MEIAS-VERDADES.

Não quero mentir.

Não quero ser espelho de ninguém nem pra ninguém.

Quero paz, mas minha paz não é nada calma.

Quero a energia da loucura,

Com a força do amor e

a firmeza da propriedade;

De si mesmo


Quero a paz de quem sabe se deixar levar pelo rio mais forte

Não preciso de águas calmas, preciso de leveza pra fluir com as ondas

Algo como o TAO –“O caminho construído pelas próprias pegadas”




quinta-feira, 28 de junho de 2012

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã!


...Porque se você parar pra pensar, na verdade não há!"
Esta é uma das maiores verdades que já ouvi. Sabe por quê?
Uma moça muito especial um dia disse com razão que a rotina deste mundo louco de hoje em dia nos engole, nos automatiza. E é verdade! E o amor é uma das poucas coisas da vida que não podem ser automatizadas, mas como a gente comete este erro, nossa! E isso não torna nosso amor menos verdadeiro, mas de alguma forma vai prejudicando-o.
Veja como fazemos isso com todos os nossos amores: O oi habitual pros pais seja na adolescência ou na vida adulta. O “mamãe e papai te amam” que sai tantas vezes na correria de mandar o filho pra escola, o beijo de oi/tchau no namorado (a), ou seja, quem for seu partner.
Sei que muitas pessoas já falaram disso, mas sei também quantas vezes recebi textos e mensagens que falavam disso e o quanto me fizeram pensar e mudar minha atitude ainda que por um dia... somando as várias mensagens ao longo do tempo, agradeço pelas que me tocaram e  mudaram meu comportamento de forma mais contínua.
Mas, vamos voltar à verdade da frase com a qual comecei este post:
Outra moça e um belo rapaz também me ensinaram que virar numa esquina pode mudar a sua vida. Levar e trazer amores: Novos e antigos! Simples assim!
Monstros me mostraram que as pessoas que mais amamos podem simplesmente não estar mais conosco daqui há cinco minutos. Conheço uma Rainha que vive triste, morrendo aos poucos dentro de seu castelo e que um dia recebeu exatamente esta frase, talvez quando já fosse tarde demais.
Fato é que a vida está aí gente! E mais do que amar como se não houvesse amanhã, é preciso saber amar, e não estou dizendo que há forma certa ou errada, mas há o que se aprender: O que do amor não é amor porque destrói em vez de construir. O que é o seu amor e o que é o amor que você sente pelo outro. Expectativas levam à frustrações (essa é outra grande verdade sobre a qual pode ser que eu fale outro dia)
Nem sempre a linguagem de um é a do outro. E quantas pessoas que se amam VIVEM de desentendendo por isso? Porque preferem continuar tentando com que o outro fale a sua língua. Você não precisa (nem deve) abrir mão de falar a sua língua, mas é imprescindível que aprenda a entender a do outro para poder receber quando ele (a) disser o quanto te ama e, vamos combinar: certos gestos são universais. Há amores que saltam aos olhos, que exalam no ar sua existência, mas de novo: Isto não é todo dia e, a neutralidade do dia a dia tantas vezes dissipa este perfume...
O que queria dividir é que realmente é preciso priorizaras pessoas que são importantes pra nós de forma simples, mas completa e, querem saber qual a melhor maneira de saber se estamos fazendo isso? Tente, por mais que isto te assuste, concretizar a possibilidade de uma pessoa não estar acessível amanhã.  É claro que teremos a sensação de termos muito o que ainda dizer, fazer, dividir com esta pessoa, mas... o importante é se perguntar: Se ela fosse embora agora, o que eu não gostaria que tivesse ficado pra trás?
Quando me casei, ouvi um anjo dizer: ”Amem e façam o que quiserem!” Concordo com ele.
Mas gente, atenção: Viver desesperadamente sem critérios, correndo contra o tempo, atropelando a vida e sufocando as pessoas também não é solução. Também não é viver!
FAÇA, DIGA, DIVIDA!  COM LOUCURA TALVEZ, MAS NUNCA SEM RESPONSABILIDADE!
Certa vez ouvi outra frase boa, mas que hoje complemento: “A gente só leva pro túmulo arrependimento pelo que não fez”
... Pelo que fez errado também e não só, mas isto é o que mais pesa e, a satisfação de poder ter errado mas saber que fez o seu melhor, mesmo, essa torna a alma leve!
P.S.1 – Queria dizer à rainha Liu, a quem me referi neste post, que é preciso lembrar todos os dias o quanto sua felicidade era importante pra quem se foi e que, por mais que isto muitas vezes pareça um castigo, você está viva! Então viva por vocês dois tudo que a vida te proporciona. E pense: Se fosse você que tivesse ido embora, como gostaria que ele continuasse vivendo?
P.S. 2 – Tenho falado muito em verdades e por isso queria lembrar seja a quem for que leia este blog que estas, são as minhas verdades. Não necessariamente as suas.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Verdade e dor

Sou completamente apaixonada pela verdade.

Verdade de cada um. A verdade da essência.  

Verdades relativas,verdade dos fatos.

A verdade do olhar e mais que todas...a verdade do tempo.

Mas foi pensando em outra verdade - a verdade dos pesadelos que, sem sabermos,  muitas vezes nos preparam para as dores- que encontrei esta frase atribuída a este homem (ainda vou pesquisar quem é, autoria real, etc...todas estas verdades que a Internet fez o desfavor de tornar difíceis de descobrir mas que não invalidam a verdade que a frase representa pra mim, pras minhas verdades...)

Até logo.... de verdade.


 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

CASAMENTOS E OUTRAS PARCERIAS


Um dos melhores textos que  conheço sobre relações, sim pois acho que se aplica maravilhosamente bem ao casamento mas também a todo tipo de parceria

Tênis x Frescobol
 Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?\' Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’

Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo...’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\' não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...

A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\'. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\'. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...(O retorno e terno, p. 51.)

Rubem Alves

Extraído do site: http://www.rubemalves.com.br/tenisfrescobol.htm


sábado, 5 de maio de 2012

ONTEM, HOJE, SEMPRE... 
"Feche os olhos e olhe para dentro.
De nós vem a vida.

Não a produzimos sozinhas, mas cultivamos desde a semente, nutrimos, priorizamos.
A nós é ligado todo e qualquer ser humano que vem ao mundo.

E é como ter nada mais, nada menos que o Sol dentro de nós.
És capaz de abrigar outro ser humano até que ele esteja pronto para o externo e, depois disso, ainda é capaz de alimentá-lo exclusivamente.
Os Homens cabem dentro de nós quando meninos e quando homens...
Não temos a forca física, imediata. Temos a resistência.

Temos a fragilidade estampada e não temos a consciência do nosso poder, graças a Deus, pois se não, poderíamos ser bárbaras, mas nem tão felizes.
Uma lágrima nossa é capaz de desarmar o maior dos homens.

Um decote, um cheiro, uma transparência é capaz de despertar o bicho homem. Podemos um monte de coisas que os homens fazem, mas sinceramente, pra que tentar igualar pólos... naturalmente diferentes?
As que sofrem diariamente que me perdoem, mas eu viria por mais mil encarnações mulher.

Que esta forca do novo, da vida, do ventre, tome conta de mim neste e em todos os dias. " ASWB